domingo, 4 de setembro de 2016

UMA CARTA IMPORTANTE

       Oi amigos/as e fãs deste espaço. Sim, tem um tempão que não publico nada. Eu sei. Acho que estou no vácuo da criação ou algo do tipo. Bem, não importa. Desta vez, também NÃO SOU EU quem vai escrever. Esta é uma carta, que minha querida amiga Nana Calimeris escreveu para uma pessoa querida, em homenagem ao SETEMBRO AMARELO. Leiam, compartilhem e divulguem...Desde já agradeço, Escritor Solitário.



"Querida pessoa,


      provavelmente, neste momento, você pode estar encarando o céu e nem as estrelas nem o sol e nem um céu azul é capaz de aliviar qualquer coisa, não é? Parece que tudo ficou cinza. A vida perdeu a cor e não faz sentido existir. Todos sumiram. Muitos disseram que você deveria olhar para o sofrimento alheio. Afinal, você, talvez, tenha casa e comida na mesa, não é? Você deve estar se perguntando agora: Por que ninguém entende que esta dor que sinto não tem a ver com ninguém além de mim? Chega uma hora que cansa explicar e a solidão passa a ser uma constante. Para que manter as pessoas próximas se ninguém é capaz de olhar dentro do meu peito vazio?
      A verdade é que você não sente mais nada, não é? Nem tristeza. Nem alegria. As lágrimas secaram. O corpo é um saco de ossos, que carrega músculos, tendões, ligamentos e carne e perdura em pensamentos angustiantes. O tempo não passam. Segundos se tornam horas perpétuas. A vida ficou estagnada, não é? O que se há de fazer neste mundo? A sensação de inutilidade parece ser tão premente, tão justa e tão perfeita. Quem é você diante destes que realizam feitos tão heroicos?
      Ninguém sabe que o ato de levantar da cama já é um ato de heroísmo por si só. Ninguém sabe que abrir a boca para dizer oi custa uma energia que você não tem. E o que dizer da dificuldade de se encontrar um bom médico? Que dizer da impossibilidade de encontrar quem tenha compaixão? Dá vontade de se jogar em cima de um carro. Dá vontade de bater o carro. Dá vontade de pular da ponte.  Dá vontade de, simplesmente, parar de existir, não é? A dor precisa parar e a gente não sabe como fazer. Não dá para arrancar isso do peito.Não dá para fazer com que o mundo pare. Às vezes, não dá para nos afastarmos de quem nos faz mal também.
      Às vezes, você passou por inúmeros abusos e aguentou em silêncios porque não tinha com quem falar. Às vezes, você fala sem pensar e machuca quem você ama. E dói! Às vezes, a vida é apenas um ácido que corrói a conta-gotas e parece que a única solução possível é uma: matar-se! Não há alternativas. Às vezes, sobrevivemos e a pergunta que não cala é: para quê?
      Eu sei que você está no inferno e, se ele existe, minha querida pessoa, não é quando morremos. Eu sei onde você está e eu sei o quanto é solitário. O que eu quero dizer é: eu entendo porque eu já estive aí. Às vezes, eu tenho a sensação de ter me arrastado para fora do inferno e ter deixado um pedaço da alma aí! No entanto, quero que saiba que eu gostaria de segurar sua mão, de abraçar seu corpo, oferecer meu colo para quando o mundo pesar, quando parecer que ninguém se importa com você porque dói e é como ter o corpo em carne viva a todo instante.
      Saiba que você não está só, que eu e outras tantas pessoas nos calamos pela vergonha de nosso desejo de, um dia (ou não), termos querido tirar nossas próprias vidas. Parece que é o ato mais impuro que um ser humano pode cometer, um ato julgado para sempre e jamais perdoado. No entanto, nós nos sentimos pesados para os outros e acreditamos que os que amamos e que nos amam estariam melhor entre nós. Penso sempre na carta de Virginia Woolf para seu marido.
      Gostaria de dizer que quero conversar com você, estender a mão ou, talvez, sentar ao seu lado em silêncio deixando que os nossos olhares falem por nós. Às vezes, é tudo que é preciso.Tudo que posso dizer é que somos muitos e você não está só! Se esta carta chegou até você, saiba que em minhas preces estou torcendo por você, desejando que você consiga chegar ao ponto de se encontrar e não se abandonar, de que encontrou aquela réstia de esperança ínfima... porque você é um pedaço de todos nós!
Com amor e carinho profundos,
Nana Calimeris"

segunda-feira, 7 de março de 2016

OPINIÃO XI

Novos “escritores”




       Entrei numa livraria de renome na minha cidade. Logo que entrei fui ver os títulos novos e fui ver o que havia de novidade. Como sempre os preços dos livros estão caros demais. A novidade não é única. Sempre, os preços dos livros estiveram caros. Houve claro, uma queda durante um período (ainda que curto) em que os livros tiveram seus preços em queda e também grandes títulos impulsionados por séries e filmes também impulsionaram a volta a leitura de uma turminha (que hoje beira os seus vinte anos ou mais) que quando crianças ou adolescentes se pegaram lendo J.K. Rowling, J. R. R. Tolkien, os mais nerds começaram a ler George R. R. Martin entre outros. Logo depois veio uma geração a base de Stephenie Meyer e E. L. James. Não vou julgar a qualidade, mas ainda assim essa turminha veio criticar ou elogiar as obras. Isso foi um avanço. Obras brasileiras também começaram a ser lidas. Caio Fernando Abreu passou a ser lido e lembrado. Os poemas de Paulo Leminski também estiveram a baila. Ou seja passamos a ler mais e, a escrever mais também.
       Contudo, como dizem por aí, a alegria de pobre dura pouco. Com a crise, óbvio, o mercado editorial brasileiro passou a ter problemas. O preço novamente subiu e novos autores como Rosana Mierling que fez um excelente trabalho com sua obra Diário de uma escrava, onde primeiro foi publicado na internet, pra que aí sim, virasse livro físico. Apesar de não ter chegado às livrarias da minha cidade, é muito elogiado o trabalho do crítico (ele não gosta muito de ser chamado assim) Júlio Bernardo (Jota Bê) com seu livro Dias de Feira onde ele retrata o dia a dia dos feirantes. Esses são só dois exemplos de novos autores que fazem parte do meu restrito círculo de amigos e que posso dizer para quem lê meu blog, que compre. São livros que valem a pena. O livro da Rosana eu li pela internet. O do Jota Bê infelizmente eu não li. Mas, se ele escreveu, da mesma forma que escrevia em seu blog, eu confio plenamente. E também na crítica, que elogiou muito bem o livro dele.
      Então, parafraseando Jota Bê, aí nesses últimos anos veio “O horror, o horror!” A crise novamente atingira o mercado brasileiro. Logo, coletâneas e algumas biografias meia-boca foram lançadas. Obras falando mal do governo (chutar cachorro morto é legal, é fácil e também vende, me lembro de um livro fazendo duras críticas ao intelecto do José Sarney e dizendo que o mesmo não merecia vestir o fardão da ABL)biografias “não autorizadas” mas que o biografado nunca reclamou porque vejo que há alguma coisa errada no reino da Dinamarca. Mas, pior que isso, são os livros que são lançados após os filmes. Alguns basicamente são o roteiro do filme transcrito para o papel. Horríveis de ler, um terror. Mas gosto é gosto e no fim das contas, vende. Mas como disse, pode piorar? Claro que pode. O que está sendo lançado ultimamente? Livros de Youtubers que colocam nas melhores e maiores livrarias suas biografias ou coisas na verdade relevante para eles e a galerinha descolada e na verdade irrelevantes para nós. Até hoje, lendo alguns capítulos por aí, eu vi apenas um livro de uma Youtuber que presta. É o “Tá, e daí? A vida por mim” de Ana de Cesaro. Livro bacana (não sou amigo dela, mas a propaganda é grátis) que conta uma história de superação e de uma forma leve e bacana. Bem feito, bem escrito. Não é feito “nas coxas” e nem é feito apenas pra pegar trouxa, que é os fãs desses “formadores de opinião”.
      Pode piorar? Mas é claro que pode. Passeando novamente pela livraria me deparei não com um. Mas com dezenas de livros na frente de loja da livraria de nome com o tema incrível, sensacional que é: Minecraft. Que basicamente consiste em construir blocos infinitamente e ao qual o jogo não tem objetivos definidos ou enredo dramático. E eu que achava que era um perfeito besta quando jogava Soul Reaver quando tinha mais trinta anos. Me enganei. As coisas podem piorar ainda mais quando novos youtubers começam a queimar os livros de youtubers e livros baseados nesse joguinho de nome Minecraft. Dizem os novos que queimar os livros é um símbolo de libertação e de crítica construtiva a uma geração que só fala bobagens e que esses novos “escritores” que ganham espaço cada vez mais no mercado editoral brasileiro deveriam ser de um jeito ou de outro BANIDOS. Jota Bê quando vai a um lugar que a comida não lhe cai bem, não volta mais. Rosana, mostra o quanto é difícil publicar e também mostra o caminho das pedras e que não basta ser apenas um “youtuberteen” que o livro será um sucesso e que venderá milhares e milhares sem esforço porque isso não acontecerá. Eu, quando entro numa livraria, vejo que nas bancadas da ponta os carros-chefe entre mais vendidos são de “youtuberteens” e Minecraft, eu simplesmente vejo se há alguma salvação nas prateleiras, porque nas bancadas, dá vontade de ir embora.


Escritor Solitário.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

OPINIÃO X

SOU MAIS SUJO QUE VOCÊ




      Há algumas semanas o semanário brasileiro vem sendo assolado por uma estranha competição partidária. Geralmente essas competições são sobre como são as formas de governo, são como melhorou mais que o outro a saúde, a educação, os transportes e a segurança. Isso só para falar o básico. Não estou incluindo aí, dentro desta seara, outras realizações no campo da ciência, dos esportes, etc. Ou seja, as virtudes seriam predominantemente concorridas para os representantes do atual governo e da oposição.
      Acontece que não. A competição no Brasil, ocorre de uma forma mais inversa e cruel possível. A nossa educação que é ruim, minto, é péssima, horrível,desastrosa e inegavelmente um terror que não forma, não prepara e em suma acaba sendo um amontoado de gente sob a égide de professores que não conseguem se preparar, que não conseguem se atualizar e não conseguem aprimorar seu ensino. Eles não ensinam. Parecem mais árbitros de uma luta cruel e infeliz. Onde não haverá nenhum ganhador, mas cujo propósito é apartar brigas de gangues.
      Na saúde, os médicos mais parecem exercer a função de padres, que dão apenas um alento para um passagem desta vida para uma melhor a pessoas que não tem a menor condição de pagar um plano de saúde. Na verdade, essas pessoas NÃO TERIAM de pagar plano de saúde algum, já que o SUS teria de ser pleno o suficiente para atender toda a demanda de pessoas que através de seus impostos pagam pelo serviço. Mas não. O que vemos em mais de oitenta por cento dos casos são pessoas jogadas nos corredores de hospitais, usando material de péssima qualidade, isso quando o tem.
      Segurança? A coisa está muito, muito feia. Quem tem segurança, ainda assim de uma forma parcial, são as pessoas mais abastadas. Segurança está quase no sistema punk: “faça você mesmo”. A falta de segurança vai desde aquele tarado no metrô, ônibus ou trem até aquela turminha gente fina que depois de roubar seu carro ou sua moto, atira em você e lhe deixa sangrando até morrer, ou então um sequestro relâmpago ao qual sua integridade física e mental será altamente abalada. E no fim, quem sabe aquele telefonema esperto de uma pessoa que ou diz que você ganhou um prêmio inexistente ou que um ente seu está nas mãos de sequestradores?
      Não. O cenário hoje está povoado por políticos que estão preocupados em saber quem roubou mais. Quem tem mais sujeira por debaixo dos tapetes. E não é pouca, é muita sujeita, que vão desde os Correios passando pela Petrobras e terminando nas privatizações. Aí você pensa que finalmente as coisas terminaram, que tudo voltara ao normal (normal?) e que as agruras e os problemas serão definidos e que nós, meros mortais, sejamos feitos de idiotas todos os dias. Acho que já estamos acostumados com isso. Já é quase uma coisas que vem dos tempos imemoriais, cantada e reafirmada pelos grandes do samba.
      Mas as coisas podem piorar? Mas é lógico que podem. Agora a polêmica, ops, disputa da vez é quem é pior pai de família. É uma disputa dura, é uma disputa cruel e voraz travada pelos militantes dos dois partidos que hoje configuram as principais lideranças partidárias brasileiras. É um show de horror de muito mal gosto, de exposição da vida privada e de que hoje eles disputam para ver quem é pior. Isso era para ser resolvido numa esfera privada e familiar. Não, ela é discutida e rediscutida nas rodas de bar, nos shoppings, nas bancas de jornais e nas redes sociais. É de doer. Sim, é de doer.
      O primeiro, por ordem cronológica, é o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Na campanha de 1989, um verdadeiro festival de baixarias, um fato marcou aquele ano. A filha que o candidato Lula, “esquecera” e que queria que a mãe tivesse abortado, pois na época ele estava casado com Marisa. Ajudou a afundar sua campanha, foi um escândalo e as pessoas o crucificaram por um ato que é tão corriqueiro que está aí o Programa do Ratinho para provar o contrário. Pessoas de baixa renda se degladiam num exame de DNA para saber a maternidade e a paternidade. Junte-se a isso também o patrimônio ora grande, ora pequeno, ora compatível, ora incompatível do filho mais velho do ex-presidente. Munição para a oposição.
      Seria. Acontece que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem e não tem um filho fruto de um romance com uma (à época)jornalista da Rede Globo de Televisão. O garoto depois de exames de DNA a pedido do pai, foi comprovado que não é filho do ex-presidente. Era filho então de um biólogo que ninguém sabe o nome e seu nome. Dias atrás, sua ex-amante, voltou a falar para a imprensa que o filho é sim do ex-presidente Fernando. E descobre-se que sua irmã é uma funcionária “secreta” do gabinete de um senador amigo do ex-presidente.
      Enfim, essa competição para saber quem é mais sujo que o outro revela um lado que nós conhecemos muito bem: o da hipocrisia, da falta de vergonha, de caráter, da mania sórdida de querer levantar apontar o dedo um na cara do outro. Esses escândalos são vergonhosos. E mais vergonha ainda, dá para ver quando há uma disputa sobre quem é mais sujo do que o outro.

Escritor Solitário

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

OPINIÃO IX

ENFIM, O ANO COMEÇOU

       Na última semana que passou, tivemos novamente as comemorações do Ano Novo 2016 na sua versão 2.0 e turbinada. Nas estradas, como todo ano, filas quilométricas de engarrafamentos tanto na ida quanto na volta. Um pedágio muito caro e estradas (ainda que privatizadas, ruins e algumas só máquinas de pegar dinheiro) ruins. Imprudência total ao volante, com os mesmos dirigindo como se não houvesse amanhã, bêbados, drogados ou só porque acham (!) que são a versão mais nova e atualizada de um piloto de Fórmula 1.
       Depois nós temos um festival de gente fedendo, bebendo cerveja de má qualidade, comendo sabe-se lá o quê, vomitando, se drogando, beijando qualquer coisa que se mexa (devido ao estado etílico) e transando sabe-se lá Deus de que jeito (se protegendo ou não) ao som de uma música de qualidade muito mas muito duvidosa. Tem também aquela turma diferenciada que vai para os camarotes, que tem de tirar foto para as revistas de celebridades e de subcelebridades daquelas marcas de cerveja que um dia já foram muito boas. E outras que nunca o foram.
       E o arrastão? Tem de ter. Tem de ter aquela galera simpática que vai passar por você levando sua carteira ou seu relógio ou seu dinheiro ou seu cordão. Mas, se tiverem oportunidade, levarão tudo. É aquela turma que se não vai te dar um tiro, vai deixar um soco ou um chute para você deixar de ser babaca e ficar pulando por aí que nem uma besta quadrada. E a briga? Estávamos esquecendo dela. Durante esse período de ano novo turbinado, é claro que os caras que malharam o ano inteiro e que ficaram vendo as lutas de vale tudo, viraram especialistas em ground and pound, cruzados, diretos e jabs.
       Claro que tem os maníacos cibernéticos também. Tem os caras que querem discutir o que não há razão para discutir nesse período porque ninguém vai prestar a atenção por mais que as partes tenham razão. Tem os caras que vão queimar livros de youtubers idiotas, para dizerem que são contra o sistema deles de serem tão capitalistas através de suas babaquices mas que ao filmarem a queima dos mesmos livros eles monetizam o vídeo. São tão capitalistas quanto eles. São tão babacas quanto eles.  E ainda tem os que se fazem de reserva moral na internet só que se escondem atrás de máscaras e não tem a mínima moral de botar a cara para bater.
       Eles deviam estar protestando. Só que não. É o período do sangue, suor e cerveja. Crise, que crise? Afinal, tem ou não tem? Um terço diz que sim e outro terço diz que não. Enfim, porque a turma toda não sai para manifestar? É porque não vai ter os elementos (positivos e negativos), não vai haver a alienação e muito menos o engajamento político e pseudopolítico praticado por algumas pessoas. Eu sou do terço que uma parte tem razão e a outra também. Estamos atolados numa crise institucional sem igual, um desmantelamento político em todos os Estados e uma evasão de divisas nunca antes vista neste país. O problema é que do outro lado, há um grupo de velhacos políticos que diz que a corrupção chegou agora. Não me passem atestado de trouxa, por favor. O que acontece nessa bagunça é que a corrupção não começou agora. Começou junto com este bando de velhacos que posam como grandes ícones da moral e dos bons costumes. Para, porque está feio.
        Enfim, o nosso ano novo, não dura um dia. O nosso ano novo dura até sete. É o que chamamos de Carnaval. Essa festa ao qual o brasileiro, desde o mais rico até o mais pobre que enrola o suficiente para que? Para que esse período (dentre os vários) que o brasileiro para e se envolve em várias frentes para poder se divertir. Uma diversão que às vezes pode custar até a vida, mas no fim do que importa isso? Importa que temos por aí pessoas sonegando impostos mas saindo como se diz no jargão “de boa”, temos pessoas tendo pairando sobre si, a possibilidade de ter um triplex, um sítio no interior de São Paulo, um barco e por aí vai. Temos por aí também pessoas deixando as crianças das escolas públicas sem merenda, sem professores, sem a menor qualidade de ensino, pois, seus filhos, filhas ou netos não estudam ou não estudarão lá. De maneira nenhuma, afinal para que? Para que essas pessoas infelizmente sejam massas de manobra que, ao envelhecerem sem uma educação de qualidade e digna, atuem como “vaquinhas de presépio”.
        Eu fui do terço que mandei praticamente tudo isso às favas, resolvi viajar e descansar minha mente. Descansar, não ficar me esfregando em um bando de gente suada, beijando bocas que não sei aonde estavam e bebendo e ouvindo cerveja e música de péssima qualidade. Alguns vão dizer que eu não sei o que eu estava perdendo. Você está errado, eu sabia sim o que estava perdendo e não me arrependo nem um pouco. Mas, de qualquer forma, feliz ano novo para você também.


Escritor Solitário

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

OPINIÃO VIII

COMO ERA GRANDE O MEU TRIPLEX


      Esses dias invadiu o noticiário nacional a notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva possui/possuía/nunca possuiu um triplex num condomínio fechado no Guarujá, na área litorânea do Estado de São Paulo. Uma hora o Ministério Público nos apresenta documentos, testemunhas, provas entre outras coisas. Outra hora o Instituto Lula nos apresenta outros documentos, testemunhas, provas entre outras coisas provando o contrário. A construtora diz que deu depois diz que não deu, enfim a confusão está armada. Nem vou falar da suposta declaração do filho do ex-presidente dizendo que o país iria pegar fogo se o pai dele fosse preso. Eu acho que não iria não. Aliás esse país não pega fogo há muito tempo, por motivo algum. Nem para decisão de Big Brother. Aliás, hoje, o que está mais em evidência é se um dos confinados deste programa que parece ser um aficcionado em armas, mulheres jovens e pornografia é ou não pedófilo. A Polícia Federal bem que podia dar uma olhadela, coisa rápida. Mas acho que não, porque acabo de me lembrar que a Polícia Federal anda sem dinheiro e opera somente com o básico.
      Não sou advogado do ex-presidente. Mas eu acho natural o ex-presidente da até então oitava economia do país sair milionário do cargo. Nenhum presidente das principais economias do mundo, sejam elas francesas, alemãs, americanas ou russas saem do cargo em petição de miséria. Ora, ser presidente é um cargo poderosíssimo, muito dinheiro passa pela suas mãos, muita coisa é decida a favor ou não do povo. Você pode pegar uma prefeitura de uma cidade média brasileira. Veja o seu ex-prefeito. Sairá do seu cargo, para os padrões da cidade onde habita, rico, ora essa. É uma coisa natural.
       Entretanto, existe uma diferença de como você ficou rico. Se você ficou rico através de ações que de uma forma ou de outra você aumentou seu próprio salário, achou petróleo, deu e dá palestras pelo mundo afora, se torna uma pessoa muito influente e compra um apartamento superluxuoso, e declara esses rendimentos no seu imposto de renda, muito justo. Agora, a coisa desanda, e muito, quando o seu apartamento vem através do velho jogo político brasileiro que nós ao longo do tempo passamos a odiar: o velho toma lá, dá cá. Se você conseguiu o raio do seu triplex de maneira honesta, vamos ser realistas,dá pra engolir. Se até o Donald Trump, um racista, machista e misógeno é capaz de ficar rico, porque o Lula também não?
      As coisas desandam mesmo é quando o apartamento megaluxuoso é dado como forma de propina. Algo do tipo : Algum deputado bem íntimo do ex-presidente (antes de me processarem, estou apenas divagando, não é crime, ok) edita uma medida provisória que beneficia os interesses de uma determinada construtora ao qual poderemos dar o nome de Construtora Y. Essa construtora consegue rendimentos, dividendos e lucros na casa do BILHÃO. Ora, talvez algum yuppie com MBA nos Estados Unidos, Inglaterra, ou seja lá onde for tenha tido a brilhante ideia de dar ao então presidente um triplex da sua construtora para que o mesmo lá habitasse depois de sua jornada pelo Palácio do Planalto. Afinal era uma compensação, e também uma forma de deixar o amigo mais confortável, para um fim de vida mais tranquilo.
       Acontece que depois dessa batalha de documentos que envolvem até a ex-primeira dama do país, estão chegando a um consenso que nem o escritor ou escritora mais notável do planeta poderia imaginar. Afinal de contas o triplex não é de NINGUÉM. Não é do ex-presidente, não é da cooperativa, não é do banco, não é do lobista, não é do banqueiro, não é do yuppie, não é do deputado, do senador ou do prefeito.
      Vamos fazer o seguinte então. Eu não tenho apartamento, casa, sítio, granja ou seja, nenhum tipo de moradia em meu nome, comprado e quitado. Então eu venho encarecidamente pedir ao dono SEJA LÁ ELE QUEM FOR, que me doe este apartamento. Se não puder ser esse eu ficaria muito feliz, mas muito mesmo, se ele me fornecer um apartamento numa cidade do interior paulista ao qual tenho motivos de sobra para ir. E não estou mentindo, falo sério. Mesmo.

Escritor Solitário

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

OPINIÃO VII

Não é por não falar, em honestidade


      Algumas vezes eu consegui colocando a mão em forma de “u”, bater mais forte que os outros meninos e consegui figurinhas a mais para mim. Outra vez em minha vida, não sei porque, eu peguei um bonequinho branco, que estava dentro de um caminhãozinho. O valor dele, provavelmente irrisório. Quantas vezes eu raspei as extremidades da tampinha de garrafa de refrigerante que achei no chão para não chegar em último na corrida de tampinhas e não passar no temível corredor polonês onde a gente tomava uns bons tapas na cabeça. Eu também troquei figurinhas que não valiam nada do chiclete para algumas figurinhas que eram muito boas, mas infelizmente nunca consegui completar o álbum. Tanto no futebol, quanto no futebol de botão, algumas vezes a bola entrou, mas quando era contra o meu time não entrou. Mas quando era a favor do meu time entrou sim.
      Já havia contado que durante o período que trabalhei nas Lojas Americanas eu furtei um quilo de dadinho, uma bala de amendoim que eu gostava muito, mas meus pais não tinham dinheiro para comprar. Então quando ela apareceu nas Lojas Americanas eu não tive dúvidas(já que eu tinha a chave do depósito) de me sentar bem a vontade, abrir um pacote e comer um inteiro. Não contei, mas quando tive uma cadela, a Pudim, eu driblei o Carrefour quando a moça acidentalmente cobrou a coleira e a guia de cachorro como uma coisinha só, mas eu não voltei para dizer que houve o engando. Na verdade me senti um pouco mais feliz por ter driblado o sistema capitalista de exploração do trabalhador. Sabe, eu também quando namorava fiz algumas coisas erradas, como ter colocado um belo par de chifres em algumas namoradas. Claro, foi ruim na separação? Foi,mas durante o ato foi muito prazeroso da minha parte.
      Já dei desculpas para faltar ao trabalho. Já fiz coisas mirabolantes, para não ter de ir a determinados lugares. Já fiquei “doente, com uma febre terrível” para não ter de ir a uma festa que eu não queria ir porque minha acompanhante era muito feia. Em resumo, dos dez mandamentos, acabei não cumprindo oito deles. Dos sete pecados capitais antigos, eu cometi todos, principalmente o da gula porque gosto de comer . Dos novos pecados capitais, acho que não cometi nenhum, até porque acho esses novos pecados muito “coxinha” para meu gosto. São um pouco sem graça na minha opinião e acredito devam ter pecados muito melhores do que os que o Vaticano criou em 2008.
      Mas tudo isso veio a baila quando eu ouvi a seguinte fala do ex-presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva. Numa entrevista a blogueiros, ele disse categoricamente: “Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste país, é que não tem uma vivalma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da Igreja Católica, nem dentro da Igreja Evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido.” assim disse o ex-presidente que não sabe de nada, que não viu nada, que toda a corrupção a sua volta, seja no mensalão seja no petrolão, Lula jamais soube de nada. Tudo bem, talvez ele seja o maior idiota, ou o maior ingênuo de toda a história da república, incapaz de perceber minimamente que havia qualquer tipo de esquema dentro de seu governo. É possível. Acredito que quase tudo é possível.
      Agora, dizer que neste país não tem uma vivalma mais honesta do que ele no país é de uma pretensão que até a pessoa mais ingênua é capaz de duvidar. Acho impossível que em algum momento da vida o ex-presidente não tenha cometido algum deslize. Como o próprio Cristo já havia dito, quem não tiver pecados, que atire a primeira pedra. Ora, se todos nós cometemos pecados, cometemos erros, o que faz do ex-presidente uma alma incrivelmente um “reformador” da teologia cristã. Eu, como cristão, fico incrivelmente abismado com essa constatação. Eu nasci e fui criado neste país. E bem, o desafio foi lançado não por mim, mas pela própria figura do ex-presidente, quem ou se há alguém mais honesto do que ele.
      Da minha parte, digo que não sou. Tenho meus defeitos, tenho muitos aliás. Ah sim, voltando no tempo, eu me lembro de uma pessoa que talvez o ex-presidente tenha se esquecido. A senhorita Miriam Cordeiro. Que deu a luz a uma menina de nome Lurian. No meio de uma baixaria que foi a campanha de 1989, não sei se Lula foi honesto com a ex-comapanheira. Mas creio que estou errado. Na verdade, talvez desde que ele nasceu, não há vivalma mais honesta do que ele no Brasil. Quem quiser, que avalie. Concorde ou discorde, deixo aberto a vocês este debate.


Escritor Solitário.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

OPINIÃO VI

MEUS HERÓIS ESTÃO MORRENDO






 
      É célebre, a frase dita por Cazuza, lá nos anos 80: “Meus heróis, morreram de overdose, meus inimigos, estão no poder!” A presidenta, não é minha inimiga, mas está conduzindo o país de forma tão desastrosa que estou com pena de quem ainda está por aqui como eu. Não sei como chegaremos ao final de 2018. E, sinceramente, se você acha que Lula é a salvação, está muito enganado sobre isso. Nem Aécio também será a salvação se você acha que é isso que vou dizer. A corrupção atinge TODOS os partidos e sinceramente tem sido uma situação vergonhosa, pois nem oposição atualmente conseguimos ser. Basicamente, a política brasileira, morreu de maneira trágica entretanto com descobertas pós-morte assustadoras.
      Mas não é sobre política que vim escrever. Mas é sobre a morte. Um balanço dos primeiros quinze dias de janeiro de 2016 tem sido assustador. Muitas pessoas ligadas aos mais diversos setores artísticos estão morrendo. Alguns infelizmente estão sendo cobrados pelos excessos cometidos nos anos setenta a base de sexo, drogas e rock'n roll. Essas pessoas viveram intensamente e cometeram excessos também de maneira intensa. Bom, chegou a hora de pagar as dívidas. Em seus campos de atuação, foram geniais. Deixaram trabalhos estupendos, deram um ar norteador para as novas gerações. Claro que até o final de 2016, muitos de meus heróis ainda vão morrer, isso é um fato. Claro que são pessoas que deixaram e deixarão um legado sem igual. Porém a partir daí, cabe a nós da nova e da novíssima geração a responsabilidade de levar para as próximas as inovações e novos caminhos norteadores.
       Meu ex-professor de Astronomia (sim, eu já estudei Astronomia), dizia que quando Isaac Newton descobriu a Lei da Gravitação Universal seus pares diziam como ele tinha chegado àquela conclusão. A qual prontamente Newton respondeu: “Se vi mais longe foi por estar de pé nos ombros de gigantes!” quando se referia a outros físicos a qual se inspirou para que ele chegasse a sua teoria. Nossos gigantes atuais, nas mais diversas áreas estão morrendo. O tempo passa muito rápido. E cabe a nós, que estamos ficando por aqui, dar a continuidade do trabalho que estes gênios deixaram. A missão é muito difícil, já que primeiro deve-se abdicar dos egos inflados e ter a humildade de procurar nas referências dessas pessoas especias que por este planeta passaram, para a inovação, para darmos um futuro mais próspero intelectualmente falando.
          Alguns foram revolucionários. As criações foram únicas. Mas essa revolução não pode parar. Se a Revolução Industrial estivesse ficado estática, as nossas indústrias ainda seriam movidas a carvão como sua base energética. E, hoje, buscamos alternativas energéticas para as mais variadas funções da indústria. Estamos, se não muito me engano, na quarta etapa da revolução industrial. E ela ainda não terminou. E, na área cultural não estamos longe disso. Já pensou se estivéssemos estáticos nessa área? Claro, que nem tudo dá certo, como o BBB, os vários Mc's do Funk Ostentação, os proibidões, os macaquinhos, etc. Pelo menos vale pelo experimento. Vale pelo que podemos não fazer.
          Eu acredito muito que chegou a nossa vez. Infelizmente nossos heróis estão morrendo, então alguém tem de ocupar este espaço. Alguém tem de ter a coragem suficiente para que não deixemos o legado dessas pessoas cair simplesmente no esquecimento. Temos um dever moral e uma chance ímpar para que possamos pelo menos tentar substituir à altura nossos ídolos que infelizmente estão nos deixando.
          Cada um tem uma pretensão. Eu tenho a minha . Quero ser o substituto de um grande escritor latino americano (não é Gabriel García Márquez, genial escritor). Sim, é uma pretensão, e soa um pouco “soberbo”. Mas se pensarmos que Lemmy Kilmister era apenas um simples roadie (aquele cara que fica lá atrás no palco, afinando as guitarras, baixos ou qualquer instrumento de corda) e depois se tornou um ícone do rock com o Motörhead, porque não pensar alto? Eu ainda não cheguei nem a categoria roadie, mas estou sonhando. Porque é grátis e porque eu também tenho a pretensão de ser o herói de alguém. Ainda que seja de apenas uma pessoa.


Escritor Solitário